05/04/2009

Estátuas

Pela estrada da vida acelero. Por noites e manhãs vejo o mundo passando. Percebo reflexos de pessoas que conheci deslizando pelos cantos da minha visão, e quando olho de novo, aquelas pessoas não são mais o que lembro delas. São só reflexos, só lembro dos reflexos... só amo ou odeio os seus reflexos.

Me lembro de dias felizes, de pessoas radiantes que eu admirava e me inspirava... Acelero e me vejo igual a elas. Finalmente sou quem eles tanto me inspiravam... inércia me trás ao futuro, mas aquelas pessoas ainda estão no mesmo lugar.

Sou mais que isso agora? Elas se perderam? Elas estão presas em círculos viciosos? Não quero isso. Não quero que meus amigos queridos se vão sem sequer notar, mas quando converso com (alguns) outros amigos, percebo que eles veem o mesmo.

Perdemos alguns amigos pelo tempo, eles acamparam num ponto (besta) da estrada, eles param como se fosse o ponto final, como se não houvesse nada a mais... Mas eu vejo montanhas no horizonte, com novos mundos.

Acelero e os perco. Alguns aceleram também, e bebemos aos que ficaram. Quem nos inspirou ficou? É triste. Mas vejo novas pessoas a frente... mais complexas, mais inspiradoras, até mais... perigosas.

Para chegar nessa altura da estrada, apenas sendo mais complexo: enigmas - "Decifra-me ou te devoro" - e num relance lembro mais uma vez dos que ficaram...

Estátuas do passado, energias do futuro. Choro as que perdi. E não quero perder as novas...
Rezo para que eu não vire pedra ao olhar para a medusa da vida, que nada me hipnotize tanto para ficar preso a num momento específico da vida, malditas serpentes venenosas: vícios e rotinas, ilusões e megalomanias anacrônicas.

Acelero, só é aceitável acelerar mais. Adeus quem fica, terei sempre seus reflexos, estátuas pelos caminhos já conhecidos da minha estrada. Agora entendo que não é carreira, salário, filhos, aventuras ou mulheres: é o acúmulo de cada experiência dessas... e tantas outras... tantas...

Ficar vivo, mudar muito, questionar sempre, amar, odiar, se apegar, deixar ir, lugares e pessoas, músicas e danças... amores e inimigos... sempre mais um.

Como você chegou aqui? Como sua vida é assim? O que te consome? O que te alimenta? Me diz com seus olhos, me mostra com seu corpo, me leva com suas histórias... e me empurra se eu parar... ninguém ama mais os outros, apenas a si, eu sei, mas não me deixa... luta por mim... um pouco mais! Grita meu nome! Me desperta falando mais de você, seus segredos, suas paixões, seu tesão, me contamina de vida!

Lamento os que ficam... honro sua memória... tento aprender com seus erros e acertos, mas com esse combustível, eu acelero, gritando seu nome uma última vez. Senhor, não me deixe ficar sem gás gritando antes da próxima parada... me dá mais uma milha de entendimento, mais uma milha perto da compreensão, pois o enigma da vida me apaixona, e não quero parar... jamais...

02/04/2009

EMOs

Eu encontrei uma balada de emo.

Eu estou velho pra isso, mas eu não tenho dessa não. Fui lá e curti a balada. Agitei com a banda, dancei, bebi, conversei com a galera, conversei com amigos, tirei fotinho no celular... toda o ritual.
Na vida fui de muita tribo e nenhuma delas, mas duas das que me identifico com força são metaleiro e punk.

Fui ver Iron, voltei pra casa ouvindo Manowar, estava trabalhando com Alice in Chains, Blind Guardian, Slayers, Megadeath e Motorhead na orelha... Sex Pistols, Bad Religion, Ramones, Offspring me levantam pra dançar, pular, causar, etc de uma forma tão indescritível e inominável (usar nomes pra parecer importante e fingir que eu tenho um ponto se chama Name Dropping, crianças, e é feio)...

Mas ver a galerinha do Emo praticamente encostados na parede, sem gás, com cara de sono na própria balada deles foi triste.

Tipo, mesmo os gotickeras, todos deprês e sem esperança por definição, dançam, bebem, etc. Mas, pô, meu... se você vai no Madame (bom filme, odeio a balada, mas clássica e respeitável na paulistanice underground podreira), existe a energia dos caras.

Não que eu ache os gotickeras algo além de a "modinha" do dark. Musiquinha besta, com literatura já despencando de tão velha (Lenore se revira no túmulo), sem grandes demonstrações atuais... meu medo é que a geração nova deles seja emo.

Caraca, até clubbers o pessoal tem medo que os filhos cheguem perto pra não se perder em ecstasy e libertinagem total... do que eu deveria ter medo de emo???

Bom, poderia chutar mais os cachorrinhos mortos, mas a desciclopédia já faz isso demais.

Emos, mais energia! Vocês tão pagando de viadinhos vendidos por falta de demonstração de força! Façam que nós, os velhos, tenham medo de que nossos filhos se associem com vocês. Me faça ter medo de passar com o carro numa rua de balada emo. Curti sua energia, mas explodam ela!!! FORÇA!!!

Missão: Achar a verdade!

Que me venha a verdade.

Quem ela me enlouqueça ao me deixar ver sua cara proibida. Eu não me importo. Só assim eu vou entender a grande "realidade"!

Quero os políticos insandecidos aprovando leis que os favorecem na minha cara. Robando, mentindo, MATANDO!!! Ah, se eu pego...

Quero os milionários me usando como peão de obra, me manipulando, jogando migalhas com nome de "aumento" e "promoção" para eu me sentir tão especial e depois me jogando fora como lixo. Deixa os idiotas acharem que a vida é isso...

Quero conheceras capitais do Brasil e os países da América do Sul para me entender. Quero nadar na mesma lama que os Estados Unidos de Vegas, Disney, Nova York e Mc Donalds. Quero descobrir o começo de tudo nas pirâmides, zigurates, necropolis e templos orientais. Quero desafiar neve, deserto, mato, trânsito, sexo, mares e a mim mesmo correndo uma maratona... somos carne, gente! Estamos VIVOS! VIVOS!! VIVA MAIS, PORRA!!!

Quero beber vodka, tequila, saque, cerveja, vinho, absinto e aquela bebida louca que passou pegando fogo com trilha sonora própria! E quero dançar sob luzes atordoantes sob o efeito dessas bebidas... e depois numa roda punk, e batendo a cabeça numa no show de metal, e hipnotizado nas curvas da loira da rave, e agarrado na cintura da morena sob uma música que sumiu porque eu só penso na cintura...

Quero ler um livro com uma idéia tão louca que me desconecte do mundo. E um outro sobre física quântica que me faça entender o mundo em suas partículas mais ridículas. Quero saber que meu amor é uma descarga de seretonina, mas mesmo assim, estar apaixonado pra sempre por aquela mulher... mas só essa noite, nesse momento...

E quero sentir a música que nos cria e destrói. Cada som... cada harmonia que não sabemos explicar... cada vibração na minha pele... cada estrofe de protesto na minha mente... cada vez que a música me empurra para um caminho novo.

Quero ódio.

Quero prazer.

Quero tesão.

Quero amor.

Quero responsabilidade.

Quero pirar.

Quero deixar você puto(a) porque minhas idéias te machucam!

Quero que voê me idolatre como algo que não sou!

Somba e Luz, Yin e Yang, Homem e Mulher... a verdade não está em um lugar só, mas ela é uma só.

Deus me disse: "Desce lá e pergunta - QUALÉ, MANO??"